UTILIZAÇÃO DE TÚNICA VAGINAL AUTÓGENA PARA CORREÇÃO DE HÉRNIA PERINEAL EM CÃO: RELATO DE CASO

  • Autor
  • Silvio Luiz Demarchi
  • Resumo
  • A hérnia perineal é uma afecção frequente em cães, principalmente em machos não castrados de meia-idade a idosos, e ocorre devido à falha na integridade do diafragma pélvico, permitindo a protrusão de órgãos abdominais para o espaço perineal. O tratamento é cirúrgico, podendo ser desafiador em casos com defeitos amplos. Neste contexto, o uso de enxertos autógenos, como a túnica vaginal obtida durante a orquiectomia, tem sido proposto como alternativa viável para reforço da herniorrafia. O seguinte trabalho objetivou relatar o caso de um cão submetido à herniorrafia perineal com enxerto de túnica vaginal autógena. Um cão macho, maltês, 13 anos, 5,1 kg, não castrado, foi atendido apresentando aumento de volume bilateral na região perineal, redutível à palpação, associado a tenesmo e disúria. O diagnóstico de hérnia perineal bilateral foi confirmado por exame físico e ultrassonografia. O animal foi submetido à orquiectomia aberta, com preparo das túnicas vaginais parietais para utilização como enxerto. Após a redução do conteúdo herniário (bexiga urinária, cólon descendente e jejuno), a síntese primária foi tentada, mas não obteve sucesso devida avançada atrofia da musculatura regional. Optou-se então pela aplicação do enxerto de túnica vaginal autógena, suturado aos músculos remanescentes e ao ligamento sacrotuberoso utilizando pontos simples separados de náilon 2-0 utilizando agulha triangular cortante, os quais não apresentaram tensão excessiva. A ferida cirúrgica foi fechada em planos anatômicos. O pós operatório incluiu analgesia multimodal com meloxicam (0,1 mg/kg, SID via SC por 5 dias), dipirona (25 mg/kg, TID via SC por 5 dias) e cloridrato de tramadol (4 mg/kg, TID via SC por 5 dias), antibiótico profilático com cefalotina (22 mg/kg, TID por 10 dias) e acompanhamento clínico por 30 dias. O paciente apresentou boa recuperação, sem complicações locais. A aplicação da túnica vaginal autógena demonstrou boa integração clínica, sem sinais de rejeição ou deiscência, reforçando adequadamente o diafragma pélvico. A técnica é simples, utiliza tecido disponível no próprio paciente, tem baixo custo e pode ser especialmente útil em situações em que há atrofia muscular severa ou limitação de recursos para o uso de materiais sintéticos ou técnicas mais complexas. Conclui-se que a herniorrafia perineal com o uso de túnica vaginal autógena mostrou-se uma alternativa promissora, apresentando bons resultados pós-operatórios em cães com comprometimento da musculatura pélvica. 

  • Palavras-chave
  • Cirurgia reconstrutiva, hérnia perineal, túnica vaginal autógena
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